segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Exú de antigamente e exú hoje em dia.

                          
                Desde que me entendo por gente que vejo pessõas tentando se mostrar perante os Exús, pessõas que se acham mais poderosas que as entidades, debatem e querem decidir a que horas eles podem beber, fumar, se manifestar ou eté trabalhar.    
           
             

                Já é normal em um terreiro de candomblé que as entidades não possam trabalhar em dias de festa, (toque festivo para Exús e Pombogiras) como se Exú fosse escravo de alguém

                Essas pessõas não devem ter Exú pois se tivessem saberiam o perigo que é mexer com essa entidade. Eu acredito piamente que essas pessõas nunca sentiram a força de Exú em suas vidas.
               
                            


               Antigamente, nenhum adepto do candomblé trabalhava com Exú " catiço", essa entidade era considerada um Egum daqueles bem brabos (não que isso seja verdade ), mais por incrivél que pareça isso mudou e muito desde a minha feitura (1975), na casa de meu pai eu era um dos poucos que tinha e trabalhava com essas entidades (Herança de minha avó paterna) trabalho com o Senhor Tranca Rua das Almas, com Dona Maria Mulambo rainha das sete encruzilhadas do cemitério Nome que ela deu e continua a usar até hoje e co o Senhor Zé Pelintra do morro.

       


              Hoje quase todo filho de santo "dá" Exú e mais incrivel ainda,   estranham quando conhecem um mais velho que não trabalha com essas entidades.    A medida em que se alastrou a "febre de Exú" essa entidade perdeu seu mistério, hoje todos sabem como "cuidar de Exú" e é raro um pai de santo que não tenha sua casa de Exú catiço ao lado da de Bara, (isso quando não põem eles na mesma casa).



           Mais isso até seria bom, se esses  mais novos não pegassem exú só pra fazer show, e o pior é que esses shows, tornaran-se tão banais que tem pombogira trabalhando sentada, trabalhando tomando uma cerva bem gelada, pombagira dançando funk batidão, exú indo embora e deichando o "cavalinho" muito doidão de cachaça, e por ai a fora.
           É uma falta de caráter tão grande que não me surpreende a vida dessas pessõas serem tão sem axé.

           Afinal o maior atributo dos Exús é dar caminho a seus protegidos.

            Um Exú de lei, ou "Catiço", como são chamados pelo povo do santo, não deixa em seu protegido nenhuma sequéla de sua manifestação,  (queimaduras, bebedeiras,etc).

            Exú que é Exú mostra sua força sem querer ser mais ou melhor que o outro que está lhe acompanhando na gira.
            Exú sabe oque é o bem e o mal, e  ao contrário do que falam, prefere fazer mais o bem, mas aceita fazer o mal se isso for o bem para quem lhe pede, esse mal é um bem  a suas vistas, então ele aceita fazer, mais mesmo assim ainda reclama por ter que fazer esse mal.
     
                    

              Exú de verdade não é aquele que canta mais bonito, é aquele trabalha bonito, que canta seu ponto de demanda só quando precisa demandar, (muitos hoje em dia nem sabem oque é um ponto de demanda de Exú), é aquele que dá caminho ao devoto para que ele não precise beter na porta de outros para pedir ajuda pra sua obrigação a ninguém, esse é  o verdadeiro Exú, esse é o Exú que deveria estar sendo reverenciado nos nossos salões, em nossas casas e em nossas vidas, se não for assim não vale a pena.

            Meu falecido pai de santo diria nessas horas,  -"Yaô se compreenda para um dia ser compreendido".

           Não se espante com o Exú dos outros apenas trabalhe com o seu e deixe o dos outros trabalhar, faça isso e você verá que sua vida irá melhorar , e muito desse dia em diante.

        Perdoen-me por esse desabafo, mais eu tinha que falar, isso estava entalado a muito tempo.

                                                            Axé.

                                                            Marcelo D´Olissá.

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